quarta-feira, 26 de março de 2014

Longa Carreira

Quando um funcionário(a), vai ao gerente e conversa sobre a empresa, sobre as tendências de mercado, sobre sua visão mercadológica e principalmente O PONTO FRACO, sobre o futuro da organização, o(a) gerente normalmente aborda o tema mais ou menos assim:

A empresa tem um nome forte, está a X anos no mercado, é rankeada como Y, foi premiada no ano Z como W e tem mais N atribuições, bem como qualidades. E questiona-se o porque do(a) funcionário(a), estar perguntando, o que é normal para quem está começando e ambiciona um salário mais alto, uma qualidade de vida melhor, um status elevado e etc.

Então, chega-se ao ponto ápex da conversa aonde o(a) gerente põe em prática anos de lavagem cerebral e mentorização. O(A) gerente chega-se para você e afirma: Mas fulano(a), você tem uma LONGA CARREIRA nesta empresa, o seu futuro é brilhante, você ainda vai fazer o MBA, tem a pós, tem o doutorado, tem o inglês, o espanhol, o francês, tem as viagens internacionais e mais uma série de coisas que você DE FATO entende que este(a) gerente é um especialista em sortilégios.

Você em momento algum falou que pensa em ficar muitos anos na empresa, muito menos afirmou que iria pagar do seu bolso o MBA, quanto mais a pós e os cursos de línguas e quanto as viagens internacionais até vale, desde que não seja para algum local em tumulto ou com fanáticos extremistas a ponto de vir a prejudicar a viagem.

Mas é muita pretensão o(a) gerente afirmar tal ladainha, sabendo que DE FATO quem entende de LONGA CARREIRA é MILITAR e JAMAIS ele/ela.

Há muitos abismos corporativos, além dos musgos, líquens que se camuflam em meio a miríade de puxa-sacos e ficam num lugar distante de todos, mas quando o chefe precisa ELE É O PRIMEIRO destaque na Band News... Em 20 minutos ele faz tudo mudar! Impressionante! Mas o ABISMO CORPORATIVO mais cruel é o que deixa você 20 anos na mesma corporação e de quebra ainda faz você DOAR TODA A SUA SAÚDE ou pelo menos GRANDE PARTE DELA para uma CORPORAÇÃO, afim de um SONHO que nem TODOS CONSEGUEM REALIZAR.

Alguém tem em sua empresa uma LONGA CARREIRA pela frente ?

Gerando trabalho para não trabalhar

Na Era da Informação, auge e ápex de teorias, metodologias, sopa de letrinhas/acrônimos e um banho de loja de cursos, especializações e certificações, não faltam para os trabalhadores idéias brilhantes e geniais de como solucionar os problemas do dia a dia.

Temos desde o PMI, PMO, PMBOK, AGILE, SCRUM, KPI, DASHBOARD até outras ferramentas e novas terminologias na onda do americanês, onde o bom brasileiro corporativo de carteirinha ou mais conhecido como "Sardinha Raçuda", adere diretamente do bálsamo gerencial o banho de glossário e/ou jargão das grandes multinacionais e demais corporações falado apenas pela FAMOSA LÍNGUA DOS ANJOS(Gerentes, Executivos, Diretores e Presidentes).

Surgem daí então a figura do: War Room, Task Force, Deep Dive, KT(Knowledge Transfer), Under-perform, Over-perform, Built-to-suit, Leaseback, ROI, PayBack e um número tão grande de abobrinhas que no cotidiano se a "Sardinha Raçuda" não se adaptar, invariavelmente ficará para trás.

No meio deste bálsamo cheio de purpurina e conferentes corporativos, inventam-se cada vez "mais coisas", "sistemas" e "obrigações" obviamente para se "gerir melhor a vida do funcionário", o que está diretamente ligado à facilitar a vida do gerente, independentemente se DE FATO irá facilitar a vida do funcionário. Na Era da Informação onde a CORPORATOCRACIA dita as regras, empregado bom, é empregado monitorado e vigiado.

Então surgem sistemas como: Time-sheet, Time-Tracker e todas as facetas e artimanhas do Mundo Corporativo, onde o funcionário, não realiza apenas o input das horas trabalhadas por projeto como já vinha sendo feito, mas realiza o input crível e detalhado de cada atividade, aonde ele mesmo controla o trabalho dele e o dos "peers" pares ou colegas.

Além do gerente ter acesso ao que você faz, na hora e momentos exatos, atinge-se o Estado da Arte da Paranóia das multinacionais aonde o que é feito e tem repetição, deve ser revisto como em ciclos PDCA, evitado o desperdício e até filosofado em conferência aberta com os colegas ou pares de trabalho.

Vejam que interessante, o trabalho gerando mais trabalho para não se trabalhar no fim das contas. E além de inúmeras reuniões, cujas não são decididas ABSOLUTAMENTE NADA e sim POSTERGADAS com seus extensos BACKLOGs, a coisa se torna muito mais SÊNIOR e DRAMÁTICA a medida em que o funcionário adentra a miríade de SISTEMAS DE MÉTRICAS, QUALIDADE E CONTROLES aonde os gerentes passam a CULTURA do Bê-a-Bá para os "colaboradores", aonde os quais irão "DESFRUTAR" de uma nova metodologia de trabalho TOTALMENTE leve, adequada, sem riscos, sem erros, sem desperdícios e sem stress, ou seja, FICA ÓTIMO PARA TODO MUNDO, mais ainda para o GERENTE que conseguiu vender a idéia e permear mais uma teoria nova prontinha saindo quentinha do forno do MBA que ele fez rsrsrs.

Ora, se para preencher dois a três sistemas desses levamos em cada atividade cerca de 5 a 10 minutos diários, multiplicando-se pelas atividades, como os executivos abordam, fazendo um RACIONAL, temos mais despesa do que receita. Gotcha!!!

Cuidado com o gradiente e a miríade de Teorias, Metodologias e Sopa de Letrinhas sendo implementadas em seu ambiente, você com certeza será vítima delas!!! 

Olho no Lean, Six Sigma, Modelo Toyota, pois eles te aguardam e estão em tudo quanto é lugar, à espreita, esperando um departamento menos trouble(menos problemática), ou conta menos trouble para ser implementado!!!

Viva a cultura estrangeira, abaixo a cultura brasileira, TANTO nas RELAÇÕES, QUANTO nas CORPORAÇÕES, ela é a MAIOR, ela é a MELHOR e VIVEREMOS TODOS POR ELA E PARA ELA!

Alguém aí na sua empresa/corporação está querendo gerar trabalho para não trabalhar ?